segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Dica de Exposição !!!

Todos nossos amigos e clientes, todos os apreciadores da arte, todas pessoas de bom gosto e modernas.... Sintam-se convidados para mais uma grande e importante mostra de arte na AZ Galeria/AZ Zaffari!!!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Dica de Exposição !!!

PABLO FERRETTI
TURMOIL

"Coming events cast their shadow before"
Thomas Campbell

A imprevisibilidade do futuro envolve o tempo presente em uma atmosfera nebulosa, cujos contornos indefinidos tão-somente nos permitem especular sobre o que está por vir. Diante da aporia generalizada que vem solapar paradigmas filosóficos, científicos e projetos políticos, encontramo-nos em águas turbulentas, em compasso de espera, incapazes de divisar novos rumos para a humanidade que não sejam precários, provisórios. Vivemos em meio à escuridão do presente (Giorgio Agamber).
Se o ano de 1989, com a queda do muro de Berlim, sinalizou o colapso do pensamento utópico, o que experimentamos desde então, na contemporaneidade, é a relação com uma nova temporalidade, a qual faz demandas ao passado, mediante a revisão histórica, e ao futuro, ensejando a construção de cenários distópicos ou apocalípticos. Neste contexto, de acordo com Pierre Nora, vivemos o medo de um rápido e final desaparecimento, combinado à ansiedade na busca de sentido no presente e a incerteza sobre o futuro".
A obra de Pablo Ferretti é dotada da mesma plasticidade que caracteriza os tempos futuros. Nada é evidente em suas pinturas, tudo é difuso, ora parece desenhar-se com clareza, ora parece evanescer-se diante de nossos olhos. A busca por uma imagem quase abstrata, que caracterizou boa parte da produção recente do artista, agora abre espaço para uma nova pesquisa que abandona por completo aquilo que restava de figurativo em suas telas. São paisagens desconhecidas, inomináveis, imagens mentais poluídas, dotadas da mesma carga de mistério que constitui o mundo pouco acessível do inconsciente; são imagens que tanto remetem à história da pintura - mais particularmente aos esforços de Turner em capturar o estado gasoso dos céus da Inglaterra - quanto às limitações impostas pelos cinco sentidos dos quais a natureza humana foi dotada.
A pintura tradicional, até então, sempre representara os céus e os mares como formas sólidas, muito embora seus elementos constitutivos ganhassem essa aparência muito em função de nossa distorcida percepção da realidade e das forças da natureza. Aliás, o condicionamento quase absoluto do homem ocidental ao sentido da visão fez como que a "realidade" se nos apresentasse como bidimensional, coisa que não é, uma vez que vivemos em contextos tão orgânicos quanto dinâmicos, nos quais um conjunto de fenômenos concorrem para produzir suas causas e efeitos. Quando diante do mar revolto, a observar no horizonte uma tormenta, por exemplo, é possível que estejamos prestes a sofrer as consequências não só da precipitação atmosférica, mas também de outros fenômenos vizinhos, como o de um incêndio que se inflama às nossas costas, a apenas alguns metros de distância, do qual recebemos informações auditivas e olfativas, mas não visuais. Embora não vejamos as labaredas, logo concluímos o que se passa pelo calor em nossa pele, pelo som das fagulhas que chegam aos nossos ouvidos, ou pelo cheiro da mata queimando.
Se a visão constitui nossa principal ferramenta para acessar o mundo, ela não só compartimenta a experiência fenomenológica como também nos leva a entender o que chamamos realidade de uma forma bastante reducionista. E a obra de Ferretti se constrói justamente nesse espaço, entre o visível e o perceptível, entre o racional e o intuitivo, entre a abstração e a figuração, entre o passado e o futuro.
Assim como os fenômenos naturais são usados como figuras de linguagem para a descrição de ambientes políticos - a atmosfera explosiva de uma manifestação nas ruas, o clima tenso em um debate político -, também as pinturas do artista podem funcionar como expressão visual para um conjunto de experiências e sensações pouco passíveis de serem traduzidas com clareza e objetividade.
As telas à óleo reunidas nesta exposição são investidas da força e da violência que embalam a natureza humana neste estágio acelerado de transformações políticas, científicas e climáticas, mas também carregadas das pulsões afetivas e psíquicas que fragilizam o sujeito moderno, tão distante de sua natureza humana, tão cético quanto à sua ambicionada racionalidade. Suas luzes e sombras alternam-se como num céu relampejando, lapsos que nos permitem entrever o futuro envolto em uma aura de agonia e misticismo.  
As zonas de escuridão que permeiam o conjunto de pinturas na Galeria Mamute estão impregnadas de dúvida, de incerteza e de mistério. Os vermelhos densos e profundos - para Ingmar Bergman, esta era a cor da alma humana -, bem como os azuis noturnos, trazem à tona nossos mais recônditos sentimentos, como fantasmas que anuviam a alma, como premonições que nos tiram o sono, como flashes de uma guerra interior cujos respingos de sangue nublam nossa visão.

curador da mostra

Serviço
Abertura: 15 de julho, sexta-feira, 19h30
Visitação: 18 de julho a 28 de outubro de 2016

Galeria de Arte Mamute
Caldas Júnior, 375. Centro Histórico. Porto Alegre.
Estacionamento conveniado em frente à galeria.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Dica de Exposição !!!


 C L Á U D I A  B A R B I S A N


                        

Convidamos você para a mostra retrospectiva em homenagem a artista Cláudia Barbisan (1964-2015).
Com curadoria de Leo Felipe, F E S T I V A F E T I V A ocupa os dois pisos da Galeria Mamute, reunindo uma série de pinturas, desenhos, colagens e vídeos. 
Pintora, cantora, professora universitária, Cláudia transitava por diversos ambientes e fazia da colaboração um aspecto marcante em seu trabalho. Levando isso em consideração, o curador Leo Felipe propôs uma interlocução com muitos dos colaboradores e afetos da artista, que emprestaram obras, escreveram textos e dividiram suas lembranças sobre essa figura querida da cena cultural da cidade.

F E S T I V A F E T I V A
O filósofo¹ disse que a arte é um ato de resistência. Antes de pensarmos a resistência como o gesto político que ocorre no espaço de atuação do artista, é preciso considerá-la sob a perspectiva da temporalidade: a arte é o que pode resistir à morte. 
Um colorido e ruidoso elogio à vida resiste na arte de Cláudia Barbisan.
A vida erótica das flores e genitálias que pululam nos desenhos, pinturas e colagens; a vida dos movimentos livres registrados por tintas que dão forma a fantasias abstratas; a vida eletrificada em acordes e timbres do submundo; a vida cantada em versos ou editada em vídeos que publicam o privado fazendo da intimidade um lugar atravessado pela criação. Cláudia nunca teve medo de se expor, nunca se privou das trocas e das experiências e tampouco se escondeu em seu ateliê. Se em algum momento buscou refúgio nele foi para dar conta do enorme desejo de resistir.
(Lembro das loucas festas-exposições do grupo Último Andar² no alto de um prédio no centro da cidade. Lembro também de um fusca (mostarda?) no qual ela saía do Garagem³ com o dia já claro. Acho que veio dela a sugestão para cobrirmos a parede no fundo do palco com papel alumínio a la Factory.)
FESTIVAFETIVA é uma exposição retrospectiva que se pretende mais próxima da celebração da festa do que da solenidade do memorial. Cláudia sempre transitou por diversos meios e em todos eles imprimiu sua personalidade vibrante, como se transportasse as cores da pintura para a música, o ruído do punk para a sala de aula, a inteligência para a festa. Nesse caminho, conquistou muitos interlocutores. Alguns deles colaboram na construção desta exposição. Os afetos de Cláudia Barbisan contribuíram de diversas formas durante a concepção e a produção da mostra ora com o empréstimo de obras ora com depoimentos, sugestões, lembranças, críticas e iniciativas. Sempre com afeto. Um desdobramento importante do projeto é a visita ao Dub Studio, um dos tantos espaços por onde Cláudia transitou deixando sua marca vibrante que nos diz algo sobre o tempo.
Leo Felipe, curador

1. DELEUZE, Gilles. O que é o ato de criação? 2. Participaram do grupo: Cláudia Barbisan, Eduardo Haesbaert, Fábio Zimbres, Joice Giacomoni, Murilo Biff, Paulo Biurrum, Renato Garcia. 3. Fundado pelo autor, o Garagem Hermética foi o reduto da cena alternativa porto-alegrense nos anos 1990. Cláudia foi uma das freqüentadoras mais assíduas do bar.
Sobre o curador
Leo Felipe é escritor e curador; mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com pesquisa que investiga a contracultura, o punk e outros fenômenos localizados entre as artes, a política e a cultura pop. É diretor e curador da Galeria de Arte da Fundação Ecarta. Autor dos livros AUTO (Ideias a Granel, 2004); O Vampiro (Ideias a Granel, 2006) e A Fantástica Fábrica (Pubblicato, 2014). Desde a década de 1990 tem se dedicado a diversos projetos na cidade de Porto Alegre, compreendendo artes visuais, música, literatura, jornalismo e radiodifusão.
Expografia e montagem: Alexandre Navarro Moreira.

F E S T I V A F E T I V A        
Visitação: até 30 de setembro de 2016.
De segunda a sexta, das 14h às 18h.
Sábados sob agendamento.


Galeria Mamute
Rua Caldas Júnior, 375
Centro Histórico | Porto Alegre, RS.
51 3286.2615
Programação aberta e gratuita.
Estacionamento conveniado.